Pergunta Bárbara do Dia (parte 4)

E uma vez mais tenho que encarar as perguntinhas saia-justa da minha mini petiz.
Dessa vez, não estávamos no carro. O cenário era menos perigoso para humanidade, porém, mais infeliz para mim. Era almoço de família. Com irmãs, sobrinhas, cachorro, papagaio e periquito. Eis que tudo começa:

- Ô mãe.... (frio na barriga de quem já conhece a entonação)

- Diga, querida (silêncio eterno de cinco segundos)

- O que é gay? (Oh, my! De onde ela tirou essa informação? internet? desenhos? mas, que desenhos seriam esses? leu no jornal? ou foram as crianças mais velhas do condomínio? porque a família toda tá olhando pra minha cara? minha irmã tá com a mão na boca para cobrir o riso? porque minha sobrinha está me olhando assim?)

- É.. hã... bom, é quando alguém gosta da pessoa do mesmo sexo. Ou seja, mulher que namora, gosta de mulher. E homem que gosta e namora com homem. (o silêncio ecoava minhas palavras... será que acabou? claro que não!)

- Ah, então o Arthur e o João Pedro são gays, mãe! (numa felicidade infantil de ter encontrado um exemplo próximo)

- Não, não filha... eles são amigos, da escola. Quando eu disse "gostar", era namorar, casar, ficar o tempo todo junto. (Djésus! A Coordenadora da escola vai me chamar amanhã! Onde já se viu? Uma mãe jornalista, moderna, atual... e a filha fazendo piadinhas com os amiguinhos? Olha, Mara, assim não dá para a Bárbara continuar no nosso quadro de alunos. Seria melhor procurar outra instituição... blablabla)

- Mãe, mas eles ficam o tempo todo juntos! Precisa ver... (minha nossa senhora protetora do arco-íris, o que eu faço?... pensa, pensa, pensa)

- Olha, querida, é diferente. Hoje, eles ficam juntos porque são amigos, gostam de brincar, conversar... assim como você e suas amiguinhas. Namorar, casar, isso eles só vão decidir quando estiverem beeeem maiores. Entende? (entenda, pelamordedeus, fia! Ou eu vou ter que ficar com essa cara de tacho mal lavado na frente de todo mundo)

- Hum... tá bom, então.

* e sabe de onde saiu a pergunta? De uma brincadeira bem besta que uma amiguinha ensinou. Era assim: tinha que falar nomes de frutas e colocar a terminação "gay". Então, ficava "maçã-gay", "pera-gay" e assim por diante. A graça era quando alguém falava "jaca".... sacou? Ah, se eu encontro a "amiguinha"....