10.28.2009

Tá com fome?

Pois, vai continuar... pelo menos no que depender dessas nada apetitosas capas de revistas de receitas (pasmem, é esse o tema mesmo!) da Case Editorial. A primeira foi lançada semana passada e a segunda chegou hoje às bancas.




Quando vi essa capa, assim, de relance, achei que era uma revista astrológica -- sobre o signo de Peixes, evidentemente. Porque só consegui ler o nome e não encontrei mais nenhuma identificação visual de nada conhecido por nós, terráqueos. Quado olhei as chamadas e percebi que a intenção era ser uma revista de receitas, chamei o Samu. Seria essa foto da capa um Peixe Nevado a La Mont Everest? Ou, como disse a amiga Fernanda VB, uma foto do próprio monte? Tudo bem que a série é "Culinária para Iniciantes", mas, uma carinha melhor não ia fazer mal a ninguém e o iniciante na cozinha não ia passar vergonha com os convidados tentando identificar o que ficou pior: o prato feito ou a foto da capa.




Na revista de Culinária Básica -- que, acredito, teria o mesmo princípio editorial da Culinária para Iniciantes, mas que é da série Cozinha sem Segredos -- você vai aprender a fazer essa deliciosa.... essa deliciosa... Guizada de Larvas Albinas da Indonésia! Ou alguém aí acredita mesmo que isso na capa é um feijão, simples e indefeso, daqueles que a gente coloca junto com o arroz no santo prato de cada dia? Se minha querida mãezinha, que deos a tenha, visse uma coisa dessa sendo chamada de feijão, soltaria o seu clássico diante de situações inusitadas: "É, nada mais me espanta nessa vida". Ô mãe, tenho que dizer, esse me assustou...

10.23.2009

Geração Google

Bárbara é louca por internet e possui uma habilidade motora para joguinhos que eu nunca tive (e acho que nunca vou ter, nem se nascer mais duas vezes). E num dos sites que ela é cadastrada e que gosta de brincar, tem uma "ala" só de missões, para as crianças resolverem. Uma coisa bem detetive. E não é tão fácil, porque eu já tentei e perdi logo a paciência -- tá, não sou parâmetro.
O fato é que ela ficou numa dessas missões um tempão e estava difícil de resolver. Na hora em que fui resgatá-la do mundo dos bits para levá-la ao mundo do banho, perguntei como estava a tal missão. E eis que segue a prova de que essa geração, realmente, já está completamente dominada pelo ser superior chamado Google:

- Ah, mãe... eu fui procurar no Google essa missão. Daí, achei o vídeo do Youtube e entrei pra ver. Ele explicava como eu saía daquela etapa pra continuar a missão. Daí, terminei!


* pra quem não sabe: Bárbara tem 7 anos.

10.21.2009

Castrados

Há alguns dias, meus gatos resolveram se amar. E isso significou, para mim, não dormir direito, não comer direito, não ver tv direito... passei cerca de 48 horas tentando separar o que a natureza queria de qualquer jeito unir. Levei-os ontem para serem castrados. No fim dia, fui buscar o casal empolgadinho. E estou me sentindo horrível, porque agora eles nem se olham direito, aliás, mal conseguem parar de pé, ainda sob um pouco de efeito da anestesia.
Os gemidos de provocação e prazer dela se transformaram numa tentativa angustiada de expressar alguma dor.
Os olhos desejosos de pupilas dilatadas com que ele a olhava nem sequer possuem força para se abrir.
O ímpeto de rolarem pelo chão, na cozinha, no banheiro, embaixo da cama, atrás da porta se evaporou e virou uma nuvem densa de preguiça e malemolência que talvez nunca tenha fim.
E talvez não consiga dormir direito, comer direito ou ver tv direito, pensando numa paixão interrompida, no desejo reprimido, na explosão pura da vida que valeu exatos R$120 para ser anulada.

10.18.2009

Sobre a frustração

Tinha outros dois assuntos em mente para voltar a escrever (é, faz um bom tempo que não posto nada), mas me peguei pensando ontem no banho sobre a frustração e como, para mim, ela pode ser um sentimento pior até do que a tristeza. E isso desde criança.
No meio das tantas andanças e mudanças da minha família durante a minha infância, teve uma época que morei em Dois Córregos. E por esse tempo também a minha mãe biológica começou a se aproximar, movida por remorso ou curiosidade, mas isso não vem ao caso. O fato é que como ela morava em São Paulo e só poderia ir nos visitar aos finais de semana. Não a amava, não a admirava, não sentia nada por ela, mas, a esperava. E quantas vezes não descia até a rodoviária e ficava sentada na cadeira de plástico com encosto torto, tentando adivinhar em quantos minutos o ônibus estaria atrasado, para vê-lo chegar de repente e pular como um esquilo eufórico na direção da porta e deixar o coração bater mais forte a cada passageiro que descia. E quantas vezes o ônibus não fechava a porta sem que o motivo da minha espera tivesse descido dali. Me restava desfazer a pose de esquilo eufórico, enfiar o rabo felpudo no meio das patas e voltar pra casa, remoendo a frustração de mais uma vez ver uma promessa descumprida.
A conclusão a que chego hoje é que essa história de que o tempo nos faz melhores, principalmente para lidar com esses sentimentos, é uma absoluta lorota. As frustrações continuam acontecendo, só que de maneiras diferentes, com outros personagens, com outras histórias, com outras mechas de esperanças abruptamente cortadas. E continuo sentido com a mesma força e intensidade a dor que ela causa. A única e real diferença é que agora é possível distingui-la da raiva ou da tristeza ou do ódio.
Enquanto a água quente do chuveiro cozia meus miolos já quase moles, acabei me sentindo de novo a menina de 9 anos sentada no banco frio e torto, mas já sem a euforia de esquilo e com o peito transbordado de uma frustração que poderia alagar a cidade, o país e o mundo. Mas, que naquela hora, só escorria pelo ralo.