5.10.2011

A Banda


O título do post é o nome do filme que acabei de ver - especialmente por já ter furado dois dias na devolução da locadora e me sentir moralmente obrigada a assisti-lo antes de devolver.

Saí ganhando: o longa israelense tem aquele toque de surpresa surreal que, no desenrolar das cenas, faz o canto da sua boa se mover levemente pra cima (quem tem esse espasmo de semi-surpresa sabe do que estou falando...). E a história se passa em um dia/uma noite. Uma banda militar, do exército egípcio, vai até Israel para tocar num evento cultural, mas, acabam se perdendo e vão parar num lugar no meio do nada. Para se ajeitar, arranham num inglês razoável com os locais, até serem "resgatados".

Não vou ficar descrevendo o filme nem explicando todos os motivos que me encantaram -- assistam e depois a gente proseia na mesa do bar a respeito. Só queria falar de dois momentos, de absurda sensibilidade do roteiro:

1) quando o molecão da banda sai com uma turma muito errada (e não é no sentido trainspotting da coisa) e um dos rapazes pergunta para ele como é transar. Ele diz que só poderia descrever isso em sua língua natal e começa a falar em egípcio.


E o rapaz israelense compreende tudo o que ele quer dizer


2) quando a moça que abriga a banda pergunta ao comandante como é reger a orquestra. Ele não consegue falar e começa a gesticular, como se toda a banda estivesse à sua frente.















E a moça israelense compreende tudo o que ele quer dizer


Dois momentos tão simples e que ilustram algo considerado tão complexo: o dizer sem falar. Que, aliás e no meu entender, é a temática central de todo o filme. Vai lá, assiste! Depois, me diz (falando ou não).

Trailer tira-gosto aqui:

3 comentários:

Érika de Moraes disse...

Mara, para uma linguista, os exemplos são fascinantes! Ótimo corpus para aulas :)
Vou querer ver o filme.

Marcelo R. disse...

Curti também!!! Passou várias vezes no Telecine Cult nesse últimos mês, quando acabei assistindo em uma delas!!!
Como outros filmes da região, consegue captar a tensão que envolve o lugar, onde árabes e israelenses são inimigos declarados, mas quando a população dita "comum" se vê em contato direto com o outro lado, se entendem melhor do que imaginam...

Mirela das Neves disse...

Este post me fez lembrar do livro: "O Corpo Fala" de Pierre Weil.
Adorei a dica! Já está na listinha para ver...
=]